quinta-feira, 13 de maio de 2010

Dias de monster


Como faz quando a casa já caiu e a gente só percebe quando as fraturas causadas pelos escombros se evidenciam expostas em todos os membros e órgãos vitais? vai saber… o coração segue batendo errante, sangues trocando caminhos, pensamentos tortos por vias difusas e confusas a ponto de confundir tudo… y ahora, joselito? agora nada. é rezar pra conseguir seguir em frente apesar da hemorragia e de não haver caminho ou qualquer deus personalizado.

Minha mãe mencionou anticoncepcionais, mas não tive firmeza pra assentir. meu pai cogitou viagens internacionais com namorado e eventual genro, mas não tive a menor evidência de que isso seria possível num futuro próximo. minha irmã convidou pra uns dias com meu (nem tão) óbvio acompanhante, mas não tive chão pra propor nada parecido com isso. e sigo aqui, meio sem rumo. porque o mundo é dos pares. avulsos seguem com a manada até que uma aderência espontânea (ou não) enterre a malfadada “solidão” ocidental, maldição dos que ainda não caíram nas teias de um amor pretensamente definitivo – ou que já escaparam de um conveniente-e-equivocado-felizes-pra-sempre.

Já não quero a sorte de um amor tranqüilo. não nos moldes de uma canção do cazuza, ao menos. romantismo de cu… digo. ah! foda-se! é rola e pronto! mc romance a gente cata em cada esquina, e é muito bom no breve espaço de tempo em que as borboletas se agitam por si só. mas isso de matar a sede na saliva é extremamente passageiro. depois de um tempo começa a faltar coca light, cerveja, moscatel, enfim, realidadeANDconteúdo. e então, london, san diego ou barcelona chamam mais alto, e a paixão já foi pelo ralo antes que se perceba. amarga, yo? talvez, mas muitos remédios eficazes o são. minha vez de abandonar o barco da doçura.

Isso de ficar com os dois pés e as duas mãos atrás nunca foi meu. sempre agarrei com unhas, dentes e longilíneas pernas qualquer possibilidade de amor. hoje, estranhamente, vejo que afeto, carinho e atenção podem ser apenas o tal do “amor cortês”. sim, amor, mas sem nada carnal ou sexual. eu hoje acredito amar profundamente com toda a leveza possível, e ainda que não passe disso que hoje se me coloca em minha mesa me darei por satisfeita. não que não pudesse evoluir, mas a gente aprende que às vezes não vale colocar o corpo na roda. não até que se tenha certeza que as eventuais feridas vão valer o dispêndio de “alma limpa”, ou, noutras palavras, de amor-sincero-e-agudo.

Sim, porque isso é digno de ser guardado para pouquíssimos ao longo de uma existência. pra tirar desse involuntário embrulho pra presente, somente diante de um sinal inequívoco, público e notório – porque esse tanto que posso oferecer, aprendi a reconhecer, é para poucos. cansei de jogar pedaços meus em latas de lixo de egoísmos estéreis. cansei de ser a parte que arrisca sem sinal verde brilhando em garantia. como diria clarice, eu quero o “é” da coisa – nada menos que isso. e, afinal, eu quero sim, eu quero sins.

i just gotta get off my chest
that i think you're divine
you possess every trait that i lack
by coincidence or by design

(prontofalei!)

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