quarta-feira, 26 de maio de 2010

♥ Carta ♥ para ♥ Michelle ♥ Evelyn ♥


Pra começar, quero reafirmar o que você já tá cansada de saber: meu círculo de amigas-pra-todas-as-horas é mínimo, e te escolhi a dedo (não literalmente) pra fazer parte dele por tudo de bom que você esbanja com a maior espontaneidade. me apaixonei por você à primeira musica. acontece que, como você também já cansou de ouvir, minhas paixões não são incondicionais.


Doeu o puxões de orelha porque faz todo o sentido do mundo. andei meio desnorteado mesmo, e me conforta o fato de saber que você vai entender meus motivos. você sabe que sou meio sem noção, meio de extremos. se bem me lembro, foi por isso que a gente se encontrou tanto um no outro, não?

Hoje em dia eu mando tudo pro inferno e vivo o agora sem pensar demais! vou ser feliz e pago o preço depois, quando vier a fatura. arrisco, bonito. afinal, eu realmente não sou uma pessoa descartável.


Tenho pensado muito em você nesses dias. saudade já paira por aqui, embora ainda posso sentir o cheiro do seu cabelo. o que me inquieta é essa dor tão velha que eu insisto em mastigar de novo e de novo e de novo. me tira o sono a certeza de que mais uma vez eu vou até o fim procurando aquele mesmo final feliz das outras vezes – e que nunca deu sinal de existir. não me conformo com essa minha paixão pela contramão.


Depois da nossa última conversa, eu não preferi realizar meus sonhos com itinerário certo e ponto de chegada definido ao custo de sacrificar outro com rumos e caminhos desconhecidos.


Nada vai me impedir de viver cada segundo desse clichê com a devida intensidade. ando esperançoso demais, e não acho a esperança uma coisa bonita. vejo esse sentimento como primo da pena e irmão do conformismo. gente esperançosa é gente boazinha, gente queridinha, gente evangeliquinha. esperança me dá a idéia de sentar e esperar acontecer, de dar chances e não se mexer, de acreditar no inexistente. péssimo, isso. principalmente quando se deposita todo esse tomara-que-venha em alguma pessoa.


E quando eu estiver triste, mas triste de não ter jeito, quando de noite me der vontade de chupar uma gilete, lá vou eu passear pelos minimos óbvios, sempre me custa um suspiro. dessa vez me fez lembrar de amores que me tiveram sem que eu os tivesse de fato e, por outro lado, dos meus amantes mal amados. as realidades são semelhantes, mas as situações, diametralmente opostas.


Meus 18 anos de boy, that's not over beibe. somos pessoas inteligentes, maduras e civilizadas. admitimos que o ciúme é um sentimento maléfico, sinistro, e desejamos adiantar seu atestado de óbito de uma vez por todas. inexistindo fórmula mágica de um veneno capaz de ejeta-lo de nossos corações, o jeito é adotar o plano b: a técnica da distração deliberada, que consiste em contar até um-milhão-mississipi quantas vezes for necessário pra conter os chiliques que com certeza virão pra cada um de nós. se maturidade, inteligência e civilidade não me forem suficientes pra motivar esse tipo de atitude, penso que auto-controle é sinônimo de não descer do salto - um luxo.

Ólha só, Michelle, tô sabendo da sua relação com o rapaz lá, mas não tenho nada com isso. é coisa de vocês, e não sou ninguém pra julgar e muito menos pra condenar alguém. o modo como te vejo ou o que sinto por você não mudou. pelo menos no que diz respeito a mim. seu sonho, que também era meu, aconteceu e foi lindo. continuo te querendo muito bem, tudo inabalado em mim. a gente não pensa igual em tudo, o que é perfeitamente natural. não podemos curar as feridas do mundo nem decidir pelos outros. enfim, quanto a mim, ainda ouço a faixa 5 do uma outra estação, continua tudo igual apesar do passo em falso, se é que houve um.


Te mando um abraço de pescoço, peito e barriga.
fica bem. e se controla. ou se descontrola. (faz de conta que tô te dando um abraço gigaaaaaaaaante e passando a mão nos seus cabelos perfeitos e rindo muito e te trazendo um café e tudo e tal.)

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