quarta-feira, 10 de março de 2010

Rafis mew de cada dia



Eu tenho um amigo dentro de mim, que anda pelo mundo divertindo gente. E chorando ao telefone. Ah, esses atores... Volta e meia ele, rafis, toma um chá de sumiço pra tentar se encontrar, se entender, se saber. Coisa de artista, presumo eu.Ele se acha meio errado, meio confuso. E é, pra falar a verdade. E aí está todo o encanto daquela pessoinha. é o clichê da pessoa ultra-moderna [tem até um coração roquenrôu tatuado no peito, veja só!], e a mais única das criaturas. Impar, como cada uma das pessoas sensíveis que ele e eu [e você, se tiver também um pouco de sensibilidade] queremos pra dividir nossos cafés de final de tarde.Rafis sabe que tem à sua volta as pessoas mais legais do mundo, que ele escolheu a dedo! [algumas literalmente, outras não]. Mas, quando se deita na sua caminha de casal pra um, antes de o sono vir, é dominado por pensamentos maléficos tão comuns nas cabecinhas dos homems avulsos - coisas do tipo por-onde-andará-o-chantilly-desse-morango-suculento-que-eu-sou? do que ele não parece se dar conta, como a maioria das pessoas avulsas [inclusive este que escreve], é que o chantilly fica na geladeira do supermercado, e não na seção de congelados.Digam-me, todos os rafis desse mundo, o que é que se pode esperar dos bofes que nos fazem suspirar, ou seja, aqueles caras sujinhos da noite, com barba por fazer, rolled up sleeves and skull t-shirts e vocabulário limitado? cá pra nós, só falta o crachá de "menino-problema" no peito. Sim, eles são deliciosos. Sim, é diversão garantida. E sim, eles se fazem descartáveis, porque tem muito rafis suculento pelo mundo, louco por uma vida mais ordinária.Deixemos esses vazios pra um futuro idoso e distante, senhoritos, com uma tacinha de champanhe numa mão e um capri-mentolado-contrabandeado na outra, ao som de um jazz empoeirado e carregando na bagagem nossos 15 livros publicados, 24 filmes lançados, 6.348 pacientes atendidos ou 4.456 processos sentenciados.No, no, no! porque a noite é uma criança e já somos bem grandinhos.

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