quinta-feira, 11 de março de 2010

Por ninguém e por nada.

Chegarei ao ponto de pedir pra minha nutricionista incluir uma dose de uísque no teu cardápio diário. quem sente falta de algumas colheres de arroz ou de uma barrinha nutry, afinal? madrugadas insones em companhia de johnny ou de jack são consideravelmente menos ásperas, justificarei. sim, a sobriedade pode ser um tanto dolorosa pra quem se entrega por mínimos. e ao longo dessas madrugadas sem fim percebi que a vida não passa de uma brincadeira de roda, onde vêm e vão sentimentos e fomes. viverei um dia de cada vez, guardando cada vazio num compartimento seguro pra não ser tragado pelo enorme buraco negro em que ameaça se abrir em meu peito. literatura barata pra distrair, fotografias rasgadas pra não lembrar, passeios pra me perder, e entretanto sempre uma ausência pra atormentar e desnudar meus mais profundos vãos. um luto normalmente dura cerca de seis meses. o meu parece prometer aniversários e mais aniversários, e não tenho idéia de como mudar o rumo que as coisas tomaram. pensei em desistir, em viver pra sempre de pijamas e pantufas, mas no fundo acredito que aquele fio de esperança logo vai se tornar um barbante e uma corda e depois uma faixa de pedestres em direção a algum lugar melhor. esse depois parece demasiado longínquo, mas sempre fui de jogar, de arriscar, de pagar pra ver. e pago, a duras penas, com meu peito rasgado e o coração estraçalhado. pago com semanas que me parecem séculos, com ausência de paladar e de olfato – com a ausência de mim em mim mesmo. sego ignorando sinais vermelhos e placas de contramão, ultrapassando em faixa contínua e excedendo todos os limites de velocidade na vã tentativa esmagar isso que me mastiga e me engole e me vomita novamente pra realidade. sigo seco, sigo áspero, faminto, sigo sem pára-quedas nessa corda-bamba que se tornou minha existência. deus escreve errado por linhas tortas, não há mal que vem para bem, aqui se faz aqui se dá o calote. é o que me mostram meus passeios mentais por doces mentiras ditas e promessas não cumpridas. sigo sem compreender, sigo de nariz em pé, sigo morto. sigo assim meio sem sentido nesse caminho que não escolhi e que já não importa pra onde vai levar. sem teu amor só minha loucura. minha loucura só sem teu amor. sem teu amor. minha loucura só.

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