quarta-feira, 10 de março de 2010

Me and you, you and me.

Durante meses, anos, sofri por amores. Esparsos, vá lá, mas com certeza a soma final ultrapassou os anos. Amei, desamei, amei de novo e, claro, como todo amante que se preze, não aprendi a lição. Isso de se poupar, de reduzir eventuais danos futuros é para os fracos. Os fortes acreditam e agarram as oportunidades com unhas, dentes e alicates. talvez nãos os fortes, mas os teimosos – e é impressionante: todo romântico é teimoso, cabeça dura.Sempre encarei cada pé na bunda, cada amor mal amado como a coisa mais natural do mundo. Todo o sofrimento e a rejeição me pareciam parte do jogo. No pain, no gain, pensava eu, o que é fato até certo ponto. Vale sim apostar todas as fichas, desde que o panorama seja no mínimo de possibilidades concretas. Arriscar-se numa partida perdida, entretanto, é burrice. O problema é que os apaixonados, em regra, não têm a visão dos fatos em toda a sua amplitude: enxergam somente o que seu emburrecido coração quer que seja visto, e aí reside o motivo da maioria dos tombos e das fraturas expostas.O termômetro amoroso de cada um de nós ganha precisão à medida que amamos, somos amados e, principalmente, desamados. Não há livro de auto-ajuda, amigo ou psicólogo capaz de regulá-lo de antemão. Só atravessando relacionamentos ele é capaz de regular-se a ponto de ter alguma utilidade, e isso é assim porque, céticos que somos, só acreditamos vendo – ou sentindo. Não sendo o amor palpável, não tendo cor nem cheiro, somente somos nos é possível apreender sua medida – se é que há medida – através da convivência com candidatos a amantes. Não sendo tais candidatos passíveis desse tipo de envolvimento, entretanto, o termômetro tende a ter como padrão aceitável o “de menos”, o que nos faz parecer natural conviver com dores e percalços longe do desejável ou mesmo aceitável.Um amor é “de menos” quando as faltas são evidentes. Se não para os amantes, ao menos para os que bem os conhecem. Qualquer que seja a falta – as necessidades variam de pessoa para pessoa –, se uma boa conversa não resolve é sinal de alerta. Carinho, diálogo, cumplicidade, sexo, atenção, fidelidade, consideração: qualquer que seja a carência, a partir do momento em que ela se evidencia é hora de repensar se vale à pena. Em se tratando de relacionamentos duráveis, um pequeno vão com o tempo pode se abrir num abismo fatal sem que os envolvidos se dêem conta. O resultado certo é engolir inconscientemente a infelicidade ao ponto de ela tornar-se algo natural, e isso é mais comum do que se imagina. triste…Quando algo parece errado, mesmo que não se saiba o quê exatamente, quando há uma inquietude, quando faltas irremediáveis se evidenciam é hora de mudar de direção, sem medo e sem olhar pra trás. Todos podemos fazer por merecer um “felizes para sempre”. Um companheiro pra vida toda ou ao menos até que essa mesma vida o leve é nossa maior chance de escolha no campo do convívio. Bobagem desperdiçá-la por comodismo ou resignação.

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