quarta-feira, 10 de março de 2010

A cor do invisivel


Qual é o ponto exato em que o peso da existência se torna insustentável? qual a medida da agonia que faz todo o resto não valer a pena? quanta tristeza é preciso pra se afogar num mar de lágrimas? quando é que o amargo se torna o único sabor acessível ao paladar?A gente levanta todos os dias e diz na frente do espelho, meio se enganando, meio tentando se convencer: tudo vale a pena quando a alma não é pequena.


Mas vez ou outra a fala não convence, e sentimos a alma do tamanho de uma noz, pronta pra partir pra qualquer lugar bem longe. Sem saber bem o porquê, lutamos incessantemente contra esse desalento. Até quando?


Bela manhã, no meu quarto, peguei travesseiros, cobertores, lençóis e roupas. Apertei tudo no meu rosto, perdi o ar ao afagar um grito, gritando Nãããããããããããããããããããããão.


Até quando nenhum grito for capaz de aliviar, até quando não houver saída de emergência, quando não houver plano b. Até quando não houver porta nem fuga nem desvio. Até quando não houver mais caminho. Até lá, persistimos; além, negras flores que se abrem sob a chuva.

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