quarta-feira, 10 de março de 2010

closer


Chegarei ao ponto de já não estranhar o fato de estar mais uma vez insone às quatro da manhã e pensar seriamente em beber uma ou duas cervejas pra relaxar, mesmo tendo que estar de pé dali a poucas horas para o trabalho. Isso acontecerá de novo e de novo e de novo na mesma semana, até o ponto de dia e noite já não fazerem sentido, pois minha mente confusa e sempre meio embriagada de álcool ou cafeína desaprendeu a descansar. Agirei no piloto automático, atravessando dias na empresa sem me dar conta do quanto produzi, e noites em qualquer aglomeração que distraia minha miséria. E quando chegar em casa todo final de tarde ou de noite pensarei seriamente em beber mais uma ou duas cervejas pra relaxar, mesmo sabendo que isso só vai trazer mais confusão para minha já bagunçada realidade.Perderei a fome e alguns quilos. Fumarei dezenas de cigarros tentando preencher esse vazio que não se completa.Enlouquecerei levemente na cidade sem fim. E tramarei em segredo meus planos de vitória e recomeço, que serão adiados até o surgimento de um bom motivo que parece nunca vir. Planejarei decisões e grandes mudanças . Atrasarei meu relógio ao ritmo de qualquer demora, não importa qual, desde que o hoje não pareça definitivo. Perderei todas as esperanças de te encontrar de novo, pois aquele com quem me deparo no espelho nunca é o mesmo de um segundo antes – aquele que incessantemente morre um pouquinho pela falta de alguém. Revisarei inúmeras vezes minhas equações para tentar entender onde tudo aquilo se perdeu, e não encontrarei solução a contento.Pensarei em shakspear, em romeu, em julieta e em todos meus antigos finais infelizes, e sentirei uma vontade irremediável de consertá-los por mera distração, pra tapear a dor maior – minha grande dor.Farei uma nova tatuagem para lembrar o que sem querer quero esquecer e que, no entanto – Eu sei –, jamais esquecerei.

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