sábado, 13 de março de 2010

cacos a recolher



Acabou-se a projeção. eu achei que poderia conviver com o que sobrou em você, mas você não teve paciência pra solidificar o que construímos todo esse tempo juntos. pode-se dizer que o desencanto foi comum, que o rompimento foi consensual por ser o único caminho viável. chorei por 17 minutos cronometrados. só isso. passou, secou, morreu. logo eu, sempre tão romântico… essa dor não ficou em mim, porque em tese só dói quando a perda é substancial, e não se pode perder o que não se tem.













Eu quero a sorte de um amor tranqüilo, o embalo da rede, matando a sede na saliva, todo amor que houver nessa vida e aquela coisa cafona toda. menos que isso é pouco, é de menos, não me serve. você… sei lá. cheguei à conclusão que você quer o descartável. como uma criança, se encanta com o brinquedo novo, promete mundos e fundos e acredita na brincadeira. isso até que seu brinquedinho perca a graça. cheguei a pensar que eu é que tinha sido tratado como descartável, mas não. o perecível, o com prazo de validade, enfim, o descartável aqui é você. isso nem chega a ser uma crítica; é mera constatação. eu sinto tanto, eu sinto muito, eu nada sinto. não sinto pena, não sinto ódio, não sinto mágoa. não sinto. apenas finjo que as pessoas não existem e é piór coisa alguém fingir que você não existe, mesmo sendo o seu piór inimigo. não te quero mal. só não te quero mais.












Eu queria mais uma vez ver meu coração derramado, andar meio curvado pelo peso de uma dor, ter o peito ferido, uma pequena morte, tudo isso pra tentar em vão curar as feridas em noites sem fim e quem sabe escrever porcas poesias. mas não há feridas, não há cacos a recolher, não há drama. há euzinha, surpreendentemente ilesa. será que tenho apenas uma pedra no meu peito? não. é só meu sangue latino se manifestando, mas continuo o mesmo senhorito de sempre.












Não vou beber de mais, não vou fumar excessivamente, não vou recorrer a um velho vício nem escutar canções que lembre alguém. não vou fugir mas não vou fingir que está tudo bem. vou me deliciar com o alívio que paira sobre mim, com as noites de sono calmo que virão, com a completa ausência de preocuação com o outro. vou aproveitar esse hiato pra ver florecerem novamente minhas reais vontades, e deixar que elas me levem pelo caminho que for. vou rever conceitos e crenças, desejos e verdades pra aprender a só entrar em barcos furados quando tiver plena consciência disso, mas sempre dando preferência a embarcações seguras e limpinhas e a navegares precisos.




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