sábado, 20 de março de 2010

até o fim do caminho



Há sete meses alguém parou de contar o tempo em latinhas de cerveja consumidas no sul do brasil, há duas semanas são paulo consome menos drogas ilegais por parte de um se deus habitantes, há dois meses um cara no hemisfério norte cortou álcool e cigarros, e há quase uma semana eu não durmo direito por mais de algumas poucas horas seguidas sem que qualquer entorpecente seja culpado por isso.
Você dita ao meu coração o que ele não quer aprender. já faz um tempinho eu tento em vão apagar da minha pele o seu cheiro e lavar da minha boca o seu gosto com álcoois variados. perfumes, destilados, fermentados, hidratantes e hirudoid pros meus hematomas – mas principalmente runs cubanos e norte-americanos pra embaralhar em mim o que se torna cada vez mais nítido. há dias todas as linhas não publicadas que escrevo são pra você, de e-mail pra e-mail ou mortas na caixa de rascunhos. no lines, no lies, droga, digo. ando perdendo o foco e a hora pra tudo. as voltas que os ponteiros dão parecem não resolver, não solucionar, não aliviar e os caminhos e portas que se exibem diante de meus olhos parecem sem graça nem encanto.
E foi logo com você, que desconhece meus mais óbvios pontos de partida, minha literatura e minhas canções. você que nada sabe sobre meu derramado coração e sobre minha incurável insaciedade. talvez isso seja bom, não sei. ou talvez seja engano meu, fantasia em rosa-pálido pra poder prosseguir com um pouco de doçura. e sou mestre em criar enredos encantadores pra dissimular faltas . meu deus, como eu pedi por algo que mexesse comigo a ponto de me fazer perder o pouco do juízo que me restava… e como fui atendido pronto e fatalmente! tudo errado, a mais perfeita a contramão.
Sabe quando tem gosto de faz-de-conta, de brincadeira, quando parece fora do alcance por qualquer motivo bobo? e sabe como isso é capaz de virar a cabeça de qualquer mortal? ou ao menos de qualquer romântico mortal? pode ser essa a explicação pra esse (des)encontro mínimo ter deixado tanto em mim. quem sabe seja esse o motivo de eu em vez de deixar estar, esperar; de em vez de abrir minhas asas e voar, não fazer planos até que. este não é o paraíso que projetei, não é o enredo com que sonhei, não é a maçã que imaginei não resistir um dia. mas, como diz uma amiga, pra mim se não envolver sofrimento não é bom. fato. sem curvas fechadas ou tempestades ao longo do caminho me parece faltar algo essencial.
Acaba de me ocorrer que há anos te vi de longe num quintal que não lembro direito e tive a absoluta certeza que um dia, quando chegasse a hora, me apaixonaria por você (lembrei isso porque você desenterrou um comentário meu sobre buracos na estrada nesses mesmos tempos remotos, coincidência estranha). essa certeza inexplicável não é exclusividade sua (sorry, haney), e nunca falhou. dito e feito. eu me conheço de mais, até mais do que gostaria. mas mesmo sabendo os rumos do meu coração, impossível evitar o inevitável. o jeito é seguir até que tudo se resolva num abraço definitivo ou num avião rumo ao esquecimento. só pra constar, não gosto muito de voar. prefiro seus braços. e costas. e boca. e pescoço. e seu sorriso indecente. e todo o resto de você.
Por hoje eu desisto de todo o resto. é nesse agora que pode haver um começo, não sei bem do que, mas um começo. é essa sensação que eu quero pra sempre, ao menos até que acabe: alecrim, hortelã e alfcaparra; chuvisco, terra molhada e grama recém cortada; mar, pôr-do-sol e brisa salgada; floresta fresca, úmida e perfumada; vontade de não ter fim, suspiros e paz. quero dançar com você até as pernas não poderem mais, quero segurar sua mão até o final do caminho e quero dormir em colher até que amanheçam todas as manhãs. eu quero viradas de ano à beira de qualquer mar, noites em agitadas cidades sem fim, férias em paraísos desconhecidos. e, a propósito, naquele sonho de verão eu estava sim ao seu lado. amanhã não sei, mas hoje eu quero tudo com você.
Vem ser minha maçã, meu sapo-príncipe, o artifício de todos os fogos até amanhã de manhã. inconstante? imediatista? sim, senhor. a vida é curta e o mundo é grande, e eu não quero mais ficar assim. só me acorda quando chegar e o banho e o café estiverem prontos, por favor.

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